Linguagem escrita e escola constituem realidades indissociáveis. É, sobretudo, na escola que o indivíduo adquire e desenvolve as competências de uso desta variedade da linguagem verbal, quer na perspectiva da recepção quer na da produção, e o modo como as usa nos variados contextos em que se insere quotidianamente é frequentemente visto como indicador da eficácia da escola no cumprimento de um objetivo que a sociedade lhe atribui. Esta realidade é tanto ou mais notória quanto as produções escritas, na medida em que de algum modo se materializam, se tornam evidência concreta de um uso que pode ser considerado mais ou menos adequado.
Objeto complexo, afetado por fatores de natureza muito diversa, a escrita vem sendo apontada como um conteúdo escolar que encerra um elevado grau de dificuldade, a qual se traduz na menor capacidade, por parte de muitos alunos, na realização das inúmeras tarefas que envolvem o recurso à escrita. Estas não se restringem ao âmbito da disciplina de Português, mas atravessam praticamente todo o espetro disciplinar, com implicações no desempenho dos alunos em termos de aquisição, elaboração e expressão do conhecimento, com as decorrentes consequências em termos de sucesso escolar.
Uma discussão sobre a escrita, na escola e para além dela, assume maior pertinência nos dias que correm, fruto de um desenvolvimento tecnológico que potencializa novos contextos e, em consequência, novos géneros textuais. E se é verdade que isto traduz inequivocamente um revalorizar do uso da escrita, também é inegável que as formas emergentes neste processo nem sempre estão de acordo com as normas prevalecentes, das quais a escola se assume como detentora e um dos principais veículos de disseminação.


